Uma característica marcante do mundo contemporâneo é a possibilidade de personalizarmos ferramentas e serviços que impactam o nosso dia a dia. Pense bem, você se lembra da cara do seu smartphone quando ele saiu da caixa? É bem provável que tenha vindo com aplicativos, imagem de fundo e toque do despertador no modo “padrão”. Mas isso não nos deixou plenamente satisfeitos, não é mesmo? Assim que ligamos o dispositivo, queremos que ele fique com a nossa cara, queremos identificá-lo facilmente e tornar a interface agradável para o nosso gosto. Já passou por isso ou alguma experiência semelhante?
Ainda em relação a esse exemplo, além de nos preocuparmos com a parte estética, como por exemplo, escolher o tipo de fonte tipográfica para os textos, também organizamos as utilidades de acordo com as nossas necessidades. É muito comum para quem usa muito a calculadora do telefone, inseri-la em uma tela de acesso rápido; ou para quem quer rapidez, é possível criar uma lista com contatos favoritos e automatizar ligações; outra possibilidade é inserir a previsão do tempo na tela de bloqueio, para quem gosta de verificar a temperatura a qualquer momento. Isso tudo (e muito mais) é decidido pelo próprio usuário, assim os celulares se transformam em algo pessoal e único, atendendo às demandas individuais de cada um.
Não pense que este tipo de personalização está presente apenas nos devices eletrônicos! Hoje, também é possível encontrá-la nos serviços que utilizamos, como as plataformas de streaming, ou até mesmo nas redes sociais: o conteúdo que nos é oferecido muda de acordo com as nossas preferências, com aquilo que mais consumimos ou com o que interagimos.
Sendo assim, a Era em que vivemos conta com esta grande transformação: cenários e vivências personalizados. As informações e novidades chegam com muita agilidade, então a tecnologia e, mais precisamente, a inteligência artificial atua para atender os nossos interesses, sendo cada vez mais precisos em nos oferecer exatamente aquilo que necessitamos e demandamos.
Tudo isso nos mostra que a personalização está imbricada em nossas vidas e, portanto, também impactou a educação: cada vez mais se fala sobre o ensino personalizado. Nosso objetivo, então, é o de nos aprofundarmos nesta temática. Vamos nessa?
Como o ensino pode ser personalizado?
A personalização do ensino surge para atender as necessidades individuais de cada aluno, isto é, o ensino é pautado de acordo com o aprendizado de cada estudante. Assim, além do conteúdo a ser trabalhado, algumas outras características são levadas em consideração: o ritmo de aprendizagem do estudante, seus interesses, suas necessidades, seus níveis de habilidades. Estes aspectos são relevantes, pois o ensino personalizado busca atender as demandas de todos, individualmente. Assim, respeitam-se as particularidades de cada um, suas aptidões e seus desafios próprios.
Provavelmente, você deve estar pensando: “muito interessante, mas como isso é possível se as aulas não são particulares e o professor é responsável por uma turma composta por diversos alunos?”. É uma ótima pergunta!
Um dos grandes pilares do ensino personalizado é contar com estratégias que incluam a inserção do uso da tecnologia, de ferramentas, plataformas e práticas que contribuam para que os estudantes exerçam um real protagonismo em sua própria educação: é incentivada uma postura autônoma e ativa.
Assim, o conjunto dos processos de ensino-aprendizagem envolvem a criação de experiências pedagógicas ajustadas conforme as características específicas de cada um, de modo a maximizar seu envolvimento e compreensão.
Como a personalização do ensino é feita em sala de aula?
O ponto de partida para personalizar o ensino é fazer uma avaliação, um diagnóstico, para ser possível identificar a situação de cada estudante, isto é, conhecer os seus conhecimentos prévios, aquilo que já foi de seu interesse, o caminho que já percorreu até o presente.
A partir deste ponto, analisando a bagagem já adquirida, é necessário que também se pense no futuro: quais são os desejos e sonhos pessoais e profissionais de cada estudante, aonde eles querem chegar? Qual o seu projeto de vida? Quais são seus objetivos?
Como podemos notar, há a necessidade de o professor analisar o passado e futuro para planejar as aulas do momento presente. Ao levar em consideração este cenário, o professor realiza o planejamento do todo. Nesse sentido, promover diferentes configurações didáticas para atender todas essas demandas é peça-chave para o sucesso do ensino personalizado.
O que isso quer dizer na prática?
Para que o ensino personalizado seja implementado é necessário pensar em algumas práticas de personalização que exploraremos a seguir, que podem beneficiar tanto os alunos quanto os professores.
Materiais personalizados: cada aluno pode trabalhar com materiais de acordo com suas necessidades. Este é o ponto em que a tecnologia contribui de forma dinâmica com o ensino personalizado, pois as plataformas de educação permitem que cada estudante possua um ambiente individual com conteúdos que atendam às suas necessidades. Com este tipo de recurso, o professor pode acompanhar o desenvolvimento de cada aluno, por meio das páginas individuais e por relatórios de desempenho.
Um exemplo de ação para esta prática é a plataforma online que incentiva o ensino personalizado Edusfera, que oferece uma experiência individual para cada estudante: pode usar a seção “Onde parei” que salva o último acesso do estudante para, quando retornar à plataforma, conseguir ir direto ao ponto onde estava. Também é possível usar o recurso “Caderno Digital”, que possibilita o armazenamento de anotações com links, textos, imagens e permite o compartilhamento dessas informações com outros usuários da plataforma.
Algumas plataformas digitais, como a Edusfera, oferecem uma área específica para corroborar com este caminho: na seção “Projeto de Vida”, cada estudante é convidado a refletir sobre o que deseja para o futuro e sobre como fazer escolhas coerentes com seus objetivos.
Autoavaliação: esta prática permite que o próprio aluno possa compreender o seu processo de aprendizagem, suas habilidades e aquilo que teve dificuldades. Assim, é possível estimular que o próprio aluno saiba quais pontos pode melhorar, aquilo que precisa solicitar ajuda. Desta maneira, sua autorregulação é trabalhada e, também, corrobora com o professor, que pode trabalhar em melhorias nos pontos que as avaliações demonstraram ser necessárias.
Uma boa prática neste sentido é trabalhar com rubricas, isto é, alguns pontos que devem ser acompanhados e o aluno pode marcar se seu desempenho foi satisfatório ou não. Para facilitar e deixar este acompanhamento mais objetivo, o professor pode preparar uma tabela em ambiente digital com os tópicos e o estudante define sua performance sobre o seu próprio aprendizado.
O ensino personalizado está cada vez mais presente, entretanto, alguns desafios precisam ser enfrentados. Um deles é a preparação e o treinamento dos professores, que também precisam se atualizar e estarem alinhados com esta nova forma de ver o ensino. Outra dificuldade que pode ser encontrada na implementação da personalização do ensino são os desafios tecnológicos que podem ocorrer, por conta da não familiaridade com esses recursos, ou mesmo com o acesso restrito à internet. Por fim, é necessário, sempre, lembrar que uma individualização excessiva pode não ser benéfica para os estudantes, tendo como risco o seu isolamento, prejudicando a interação social e a colaboração entre os alunos.
Assim como o desenvolvimento da personalização dos celulares, devices eletrônicos, plataformas de streaming, redes sociais, o ensino está cada vez mais atual e pensado em promover a autonomia e o interesse dos estudantes por meio do ensino personalizado, contribuindo, assim, para uma educação de qualidade. E você, já está realizando essas práticas?