O século XXI é um momento da história caracterizado por uma série de aspectos que moldam a forma como as pessoas vivem, trabalham, se comunicam e interagem: transformações rápidas, avanços na área da tecnologia, conectividade, globalização, sustentabilidade e inclusão são apenas alguns exemplos de traços que definem como a sociedade vem se desenvolvendo e estabelecendo.
Este mundo complexo e em constante transformação impacta diretamente o universo da educação, pois é necessário que a escola trabalhe muito mais do que apenas o conteúdo acadêmico tradicional (como a Matemática, Ciências e Língua Portuguesa), e olhe também para outros âmbitos da formação do indivíduo. A escola do século XXI tem como objetivo formar sujeitos que sejam conscientes sobre si, tenham a capacidade de se relacionar com outros, autonomia e senso crítico, para, assim, estarem aptos a tomarem decisões e encontrarem caminhos para os desafios cotidianos e futuros da vida.
Assim, o conceito de educação socioemocional passou a ser amplamente trazido pelos profissionais da educação e, hoje, é parte do currículo obrigatório nacional. As competências socioemocionais estão presentes nas 10 competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, portanto, todas as escolas devem contemplar estas competências em seus currículos.
O que é educação socioemocional?
A educação socioemocional é composta por um conjunto de práticas e abordagens educacionais que visam desenvolver as habilidades e as competências sociais e emocionais de alunos e alunas.
Esta perspectiva educacional tem como foco o aprendizado e o desenvolvimento de competências que vão além do desenvolvimento intelectual e do conteúdo acadêmico curricular, e se manifestam:
- nas formas de pensar e sentir dos sujeitos;
- nos comportamentos para lidar consigo mesmo e com os outros;
- na capacidade do indivíduo compreender e gerenciar emoções;
- na definição de objetivos;
- na tomada de decisões;
- no enfrentamento de situações novas ou desafiadoras, de forma eficaz.
Como a educação socioemocional foi concebida?
Durante o século XX, os estudiosos da psicologia e da educação se dedicaram a analisar, classificar e nomear as competências socioemocionais. Reunindo evidências de anos de pesquisa, estabeleceram-se diferentes estudos e práticas nacionais e internacionais, voltadas ao trabalho com as competências socioemocionais e, entre eles, determinou-se um modelo conhecido como Big Five, que organiza e representa descrições de características humanas em uma estrutura de cinco fatores que é bastante seguida na educação socioemocional.
Assim, cinco macro competências (que podem ser desdobradas em outras dezessete competências) foram definidas para serem desenvolvidas no ambiente escolar. Em artigo elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), essas cinco competências estão firmadas como:
- “Autoconsciência: Envolve o conhecimento de cada pessoa, bem como de suas forças e limitações, sempre mantendo uma atitude otimista e voltada para o crescimento;
- Autogestão: Relaciona-se ao gerenciamento eficiente do estresse, ao controle de impulsos e à definição de metas;
- Consciência social: Necessita do exercício da empatia, do colocar-se “no lugar dos outros”, respeitando a diversidade;
- Habilidade de relacionamento: Relacionam-se com as habilidades de ouvir com empatia, falar clara e objetivamente, cooperar com os demais, resistir à pressão social inadequada (ao bullying, por exemplo), solucionar conflitos de modo construtivo e respeitoso, bem como auxiliar o outro quando for o caso;
- Tomada de decisão responsável: Preconiza as escolhas pessoais e as interações sociais conforme as normas, os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade.”
Qual a importância da educação socioemocional
O maior objetivo da educação socioemocional é promover o desenvolvimento integral dos alunos, tendo como ponto de partida a crença de que não apenas o sucesso acadêmico é importante, mas, também, há que se ter atenção à vida pessoal e os desdobramentos que o mundo trará em termos de vida profissional.
Dessa forma, a educação socioemocional contribui diretamente para o bem-estar emocional em meio ao estresse e aos desafios que o cotidiano traz, promovendo a autoconsciência e, entre outros fatores positivos, sendo essencial para a adaptação às mudanças e às dificuldades do dia a dia e, até mesmo, ajudando a prevenir problemas relacionados à saúde mental.
Outro ponto importante que a educação socioemocional ajuda a promover são as habilidades de comunicação e de empatia. O estudante poderá ter maior compreensão nas relações interpessoais, maior capacidade para resolver conflitos e trabalhar em grupo e, portanto, uma maior capacidade de construir relacionamentos saudáveis.
Todos esses aspectos culminam não só no desenvolvimento dos próprios alunos, mas em uma escola com um ambiente mais positivo e produtivo, o que certamente contribuirá para o desempenho acadêmico saudável dos estudantes e de seu futuro sucesso profissional. No final do dia, somados os esforços individuais, podemos extrapolar os limites da escola, entendo que se cria uma rede capaz de fazer avançar a própria sociedade.
A educação socioemocional na prática
Para incorporar a educação socioemocional nas práticas pedagógicas, os professores devem soltar a imaginação e pensar que as habilidades socioemocionais podem e devem ser trabalhadas de forma global, abrangendo um trabalho contínuo e interdisciplinar.
Assim, o currículo deve ser estruturado incluindo a educação socioemocional como parte integrante do ensino regular: as competências socioemocionais específicas devem ser identificadas para serem abordadas em diferentes momentos dos processos de ensino-aprendizagem.
Portanto, ao identificar quais habilidades socioemocionais serão trabalhadas com maior ênfase em determinada etapa do ensino, atividades práticas podem ser planejadas e desenvolvidas tendo este olhar. Quer exemplos? Estamos falando em discussões em sala de aula, exercícios práticos, jogos de simulação, dinâmicas de grupo e projetos colaborativos.
É importante ressaltar que, para um trabalho de qualidade que seja significativo para os alunos, uma relação com o professor e com os demais colegas deve ser construída de forma positiva, em um ambiente que se sintam confiantes e seguros para que possam expressar seus sentimentos e aquilo que pensam.
Assim, na educação socioemocional as atividades devem contar com momentos personalizados para cada aluno, de modo que mecanismos de avaliação sejam incluídos e, assim, o professor possa perceber os pontos positivos dos alunos e, também, as questões mais desafiadoras que precisam ser trabalhadas. Estes momentos são essenciais para fornecer feedback construtivo, incentivando o crescimento e a melhoria contínua de cada estudante.
E já que estamos em um mundo tão conectado e digital, a tecnologia pode promover o desenvolvimento das habilidades socioemocionais?
Com toda a certeza! A tecnologia permite que a experiência de aprendizado seja enriquecida de forma inovadora e bastante personalizada, ampliando a gama de oportunidades para que os estudantes desenvolvam competências socioemocionais específicas de maneiras mais dinâmicas e estimulantes.
Por exemplo, jogos digitais educativos podem ser utilizados para promover a colaboração, a resolução de problemas e a tomada de decisões. Além disso, ainda no campo dos jogos, as simulações e as aventuras podem criar cenários em que os jogadores precisam lidar com desafios emocionais e sociais. Existe a possibilidade de incluir realidade virtual e realidade aumentada nessas atividades, duas tecnologias que permitem a prática de interações sociais em um ambiente controlado, ou seja, criam situações que replicam vivências do mundo real, proporcionando experiências imersivas para o desenvolvimento da empatia, da resolução de conflitos e de uma gama interessante de habilidades sociais.
A própria inteligência artificial também pode ser utilizada para o trabalho das competências socioemocionais. Sistemas podem ser programados para simular conversas que ajudem os estudantes a praticarem habilidades de comunicação e, depois, oferecer feedbacks construtivos.
Outra possibilidade é a de incluir, nas aulas e nas práticas pedagógicas, conteúdo audiovisual, como documentários, vídeos educativos e podcasts. Tudo isso pode ser compreendido e usado como recursos didáticos valiosos, especialmente quando temos em mente a apresentação de histórias, a discussão de questões sociais e emocionais contemporâneas e o contato com pessoas, situações e comportamentos inspiradores.
Mais uma dica de estratégia tecnológica para trabalhar a educação socioemocional é adotar plataformas de ensino on-line, como, por exemplo, a Edusfera, que oferece atividades interativas e exercícios práticos aos estudantes do Ensino Médio que estão relacionados ao trabalho com as emoções e como lidar com elas. Sozinhos ou acompanhados, os alunos podem acessar a Edusfera por meio de dispositivos móveis e computadores a qualquer hora, de qualquer lugar.
A Edusfera gera relatórios individualizados sobre cada aluno para que o professor possa acompanhar a trajetória de cada um e, assim, atribuir tarefas individuais, dar feedbacks construtivos e personalizados, dependendo das necessidades específicas de cada estudante. Clique aqui para conhecer a Edusfera.
Como pudemos ver, a educação está, cada vez mais, acompanhando as transformações da sociedade: ao integrar a educação socioemocional nas práticas pedagógicas, as escolas formam os alunos não apenas para os desafios acadêmicos, mas, também, para que tenham uma vida mais equilibrada e positiva e, assim, contribuam para fazer do mundo um lugar melhor.